quarta-feira, 27 de maio de 2009

marronzinhos do trânsito

Quais são as mães mais lembradas - e xingadas - do universo? Se você responder "as mães de juiz de futebol!", lamento mas a resposta está errada. Com certeza as mães mais lembradas são as dos fiscais de trânsito de São Paulo, popularmente os "marronzinhos".

Os marronzinhos são seres odiados por quase todos os motoristas da cidade de São Paulo, o que eu acredito ser uma das maiores injustiças. Alguém por acaso já levou uma multa quando estava fazendo algo que não fosse proibido? Certamente não. Sempre o motorista irresponsável estaciona o carro em lugar proibido, quando não em lugares inadequados, ou então faz conversão na contramão, fura o rodízio municipal e o que o fiscal faz? Faz seu trabalho, aplica a multa. E por isso ele é xingado? Grande injustiça!

Ninguém pensa do outro lado. São Paulo tem um trânsito caótico, alguém já conseguiu imaginar como seria sem os marronzinhos? De caótico seria intransitável. Eu sempre vejo os marronzinhos trabalhando embaixo de sol (eventualmente muito sol) e chuva (eventualmente muita chuva). Difícil encontrar algum deles fazendo corpo mole, eles realmente se preocupam com o fluxo do trânsito, é uma das autoridades que eu mais respeito, porque eu vejo trabalhando sempre.

Hoje eu fiz um flagra, durante uma chuva forte no centro de São Paulo, o acesso da avenida 23 de Maio estava tomado pela água, a avenida mais parecia um rio. E havia dois fiscais da CET no meio do alagado durante uma chuva forte orientando e ajudando para que os motoristas não se aventurassem no meio daquele rio. Será que ninguém vê isso? Os meus estudos de semiótica já me mostraram que somos mais propensos a dar ênfase nas coisas negativas, mas isso já é assunto para um outro post.






Fotos: Annie Shioli

terça-feira, 12 de maio de 2009

documentário como forma de entretenimento

Hoje eu assisti em uma sessão fechada promovida pela Rede Brazucah, uma agência de comunicação que promove o cinema nacional, ao filme Simonal - ninguém sabe o duro que dei.
O filme é um documentário sobre o Wilson Simonal, que assistindo ao filme eu descobri que foi um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos.
O documentário foi feito por Cláudio Manoel (sim, um dos Cassetas), Micael Langer e Calvito Leal. Diga-se de passagem um documentário muito bem dirigido e sem grandes inovações quanto a sua estrutura.
Após a sessão recebi um questionário para eu registrar minha opinião sobre o filme, se ele interessaria aos meus amigos universitários e quais formas seriam interessantes para promovê-lo. Falarei aqui detalhadamente o que escrevi no questionário, pois assim concluo meu texto do blog.
Eu gostei muito do filme. Confesso que estava sem grandes expectativas e até sem saco para assistir um documentário sobre Wilson Simonal. Porém, rapidamente o documentário me conquistou e mesmo com a duração bem longa, eu não desanimei. Com certeza os pontos fortes do filme são as aparições da estrela retratada. Eu mal sabia quem era Wilson Simonal, certamente a maioria das pessoas da minha geração tem uma ligeira ideia de quem ele foi. Descobri no filme um artista ímpar, de talento inquestionável, uma verdadeira preciosidade da cultura brasileira. Não chegou a ser um exemplo a ser seguido, no máximo uma esperança a não ser perdida. Quero que vocês descubram quando assistirem ao filme.
A segunda questão é sobre se meus amigos de faculdade teriam interesse em assistir ao filme. Óbvio que não! Tenho duas justificativas: ninguém conhece Wilson Simonal, pudera, ele foi um dos maiores exemplo de ostracismo, além disso, brasileiro não está acostumado a assistir documentário, ainda mais documentários nacionais. Brasileiro, de modo geral, vai ao cinema apenas por entretenimento e acaba relacionando o gênero documentário a algo chato e até um pouco educativo. Simonal - ninguém sabe o duro que dei é com certeza uma ótima opção de entretenimento de qualidade, onde o expectador obterá enriquecimento cultural, ainda mais quem não viveu na década de 60 e 70. É um filme cultural, político e musical. Puro deleite.
Antes de convencer os jovens em assistir um documentário sobre Wilson Simonal, é necessário apresentar o cantor. Dizer que é ele quem cantava "meu limão, meu limoeiro", entre outros sucessos. Ainda é necessário desqualificar a ideia que documentários são chatos e sempre educativos. Apresentando o cantor e desmitificando o conceito trivial de documentário, o filme pode ser introduzido no meio jovem.
No final do questionário eu sugeri algumas ações de marketing em cima do público jovem. Como já disse, um dos maiores sucessos de Simonal é a música do limoeiro. Essa música tem um grande apelo junto ao público jovem, quem nunca ouviu ou se divertiu com esse refrão tão engraçadinho? Imagine um negão vestido de Wilson Simonal dublando a música do limoeiro na saída de uma faculdade e algumas pessoas distribuindo panfletos sobre o filme? Certamente muitos universitários teriam a curiosidade cutucada com essa intervenção




Sexta-feira próxima vai estrear o filme. Não deixem de assistir, eu recomendo. Vocês sairão do cinema com o mesmo desejo que tive, baixar todas as músicas desse mestre.


sexta-feira, 1 de maio de 2009

Julgar a aparência é correto e aceitável

Susan Boyle é atualmente o maior ícone da internet dos últimos anos. Susan, uma escocesa simpática de 48 anos, cantora amadora dos barezinhos do interior de seu país, ou como ela costuma dizer, dos vilarejos próximos de onde mora, foi tentar a sorte em um programa muito popular na Grã-Betanha, que tem como objetivo encontrar novos talentos da música.
Susan é uma mulher bastante desengonçada e nitidamente pouco bonita, porém tem uma graciosidade e simpatia que prega a atenção das pessoas. Há algumas semanas ela participou do programa britânico de novos talentos, onde os candidatos vestem suas melhores roupas, tentam esbanjar bastante estilo, tudo para impressionar os jurados - que são conhecidos pela sua severidade e maldade com os competidores - e os telespectadores. Susan foge totalmente dessa estereotipia. Ela é gorda, feia, interiorana, desajeitada e espontânea demais. Antes de começar o vídeo de sua apresentação, ela está comendo uma espécie de pão com mortadela, todos já riem, apenas porque é uma gordinha comendo em um momento pouco apropriado. Depois ela assume em frente às câmeras que é solteira, nunca beijou na boca e está desempregada. Nossa sociedade se pauta em sucesso profissional para ter sucesso nas demais áreas ou então se pauta na boa aparência para ter sucesso nas demais áreas. Susan Boyle é feia e desempregada, sendo assim, considerada um exemplo de pessoa fracassada.
Quando todos já estão rindo da pobre Susan e só faltando a cerejinha do bolo, que seria uma apresentação infame e humilhação pública para toda a Grã-Betanha, a mulher desanda a cantar. Os queixos da plateia e dos jurados maldosos e severos desabam, assim como de todos os espectadores. É uma apresentação arrepiante e próxima da perfeição. Ninguém conseguia acreditar que uma mulher tão feia e estranha pudesse ser tão talentosa.
O vídeo rodou o mundo, creio até que seja o maior sucesso virtual até então, já contabilizam mais de 700 milhões de visualizações em vários sites. Até chegou na televisão brasileira, dia desses eu estava passando em frente de uma tv durante a péssima programação vespertina e lá estava Susan Boyle cantando e convidados debatendo sobre ela.
As principais mensagens vinculadas ao vídeo são os jargões "não julgue o livro pela capa" ou então o mais direto "Não julgue as pessoas pela aparência". Sabe o que acho disso? PURA DEMAGOGIA BARATA! Impossível não julgar as pessoas pela aparência e pelo o que elas aparentam ser.
Fazemos julgamentos o dia inteiro, seja por aparência ou pelas atitudes das pessoas. A aparência faz parte da própria comunicação das pessoas. Teóricos dividem a mídia em três tipos: mídia primária, mídia secundária e mídia terciária. A Primária é o próprio corpo e sua oralidade. Nela vemos uma Susan feia, ou pelo menos fora dos padrões de beleza vigentes, e com uma fala simplória demais. A mídia Secundária são os textos visuais, a moda e toda a extensão do corpo. Susan veste-me muito mal, chega a ser esquisita. A Terciária são os meios de comunicação que tem como premissa a utilização de meios eletrônicos, como a internet e televisão, por meio dessa mídia que nós conhecemos esse ser supremo chamado Susan Boyle.
Quero dizer com tudo isso que nossa aparência é um modo de expressão e comunicação, portanto, deve-se levar em conta na hora de um julgamento prematuro. Todavia, é necessário salientar a importância de não levar em consideração final esse pré-julgamento que é instintivo. Ele existe até como mecanismo de defesa, é importante e devemos confiar nele, porém sem levar ao pé da letra, caso contrário Susan Boyle não teria sequer subido ao palco e entoado belamente "I Dreamed a dream" como vocês podem conferir abaixo.