sábado, 29 de março de 2014

Minha experiência no Erótika Fair

Esta semana começou a Erótika Fair em SP e baseada em minha experiência do ano passado eu vou te convencer a ir ou não nesta edição.

Para quem não sabe, ano passado eu e uma amiga abrimos um sex shop online, contudo, tivemos que dar um tempo por mim e por ela. No meu caso eu fui indiretamente ameaçado pela minha ex-chefe de ser demitido caso eu tivesse um projeto paralelo ao meu trabalho e a minha amiga estava mudando o foco da carreira dela de TI para Comercial. Como desde o início tínhamos combinado em privilegiar nossas carreiras ao sex shop, decidimos parar momentaneamente, mesmo tendo recebido propostas de investidores (uaaauuu) com valores BEM razoáveis! Exatamente por causa do sex shop a gente decidiu ir à feira. Por ser uma feira prioritariamente de business, nosso foco era conhecer novos produtos, negócios e trocar cartões. Querem uma dica para ganhar dinheiro? Invista no mercado erótico! Quer outra dica? Seja um importador e distribuidor de brinquedos eróticos, é um oceano quase azul! ;)

Como eu já esperava e ao contrário do que as matérias da Rede TV adoram mostrar, a Erótika Fair não tem gente pelada andando pelos corredores e nem suruba. É tipo a Bienal do Livro, mas invés de livros há pintos de borracha e bolinhas explosivas lubrificantes.

Eu e minha sócia conhecemos diversas pessoas e empresas nesse dia, comemos amendoins oferecidos pelos expositores, trocamos cartões e foi uma feira bem interessante sob o ponto de vista de negócio. Entretanto, a feira tem duas partes. Uma para profissionais da área ou consumidores de produtos eróticos e outro que é para público geral/diversificado/liberal/sexualizado com diversas opções de entretenimento, se assim posso falar. Inclusive a feira é separada! De um lado negócios e do outro entretenimento.

Concluído nosso objetivo inicial, propus a minha sócia conhecer a outra parte. Não estávamos na pegada de diversão. Eu há poucas semanas tinha terminado um namoro super conturbado por Whatsapp. Terminar um namoro por Whatsapp é tipo o fundo do poço e não poderia haver fim mais apropriado para aquela minha relação horrorosa. Minha amiga se encontrava ainda pior, ela estava tecnicamente viúva há uma semana. O ex-namorado dela havia morrido uma semana antes, no aniversário dela, dois dias depois que ela terminou a relação. Ele faleceu por uma doença grave que descobriu em um dia e morreu no outro, o término nada influenciou na morte. Para piorar ela só soube do falecimento do mesmo depois do enterro dele e para piorar ainda mais, ela desconfiava que estivesse grávida dele, porque não havia menstruado até então e para piorar (sim, tinha como!), a irmã dele, uma lésbica mais masculina que o José Mayer, que ainda por cima era cafetina, agenciava garotas de programa de luxo e tem como clientes diversas pessoas e casais famosos que se eu mencionasse aqui ninguém nunca acreditaria, mas são clientes dela, enfim, a ex-cunhada já tinha até se oferecido para ser pai da criança! Resumindo, a gente não estava em clima de entretenimento, mesmo assim fomos! A gente já estava lá mesmo...

Ao chegar encontramos um estúdio de tatuagem e para minha surpresa havia interessados se tatuando. Que tipo de gente vai numa feira erótica e volta com tatuagem nova para casa? Eu me pergunto isso até hoje! Depois uma cabine que tirava fotos na hora. Como era de graça, tiramos algumas fotos. Eu com chifres de viking (ou corno), ela com tetas de plástico gigantescas por fora da roupa e nós algemados um ao outro. Fizemos algumas caras safadinhas e ganhamos nossas fotos. Tão logo saímos fomos convidados, quase intimados pelo staff, a entrar no teatro do local e assistir aos shows.

Vimos um show de pole dance com alguma campeã brasileira, esse show mais parecia espetáculo circense e não ligado ao erotismo, de qualquer maneira eu gostei. Logo em seguida entrou no palco a Silvetty Montilla, uma drag queen famosa e muito engraçada que vire e mexe está na tevê. Em sua apresentação ela selecionou pessoas aleatórias da plateia e convidou para subirem ao palco e participarem de uma competição concorrendo a prêmios. Não pessoal, eu não subi, inclusive até me encolhi com medo de ser escolhido por ela. A Silvetty convidava, se a pessoa não aceitava, ela insistia com simpatia, se ainda assim não aceitava ela descia do palco para intimar com certa firmeza, bom se nesse caso a pessoa  ainda não aceitava, a Silvetty, que originalmente de fábrica é um negão de quase 1,90m, engrossa a voz e grita "você não vai subir nesse caralho, porra?". Depois dessa abordagem não houve um sequer que não subiu oprimido e amedrontado. Eu não me ofereci para subir por vários motivos: sou tímido, havia mais de 100 pessoas naquele teatro e conhecendo show da Silvetty (já fui a stand up comedy dela e show em festas) no mínimo eu pagaria o mico de dançar É o Tchan para mais de 100 pessoas sóbrias. Se você acha que isso pode ser a pior coisa que poderia acontecer em um palco, acredite, qualquer pessoa optaria dançar a discografia completa do Tchan invés de protagonizar o que aconteceu naquele palco e aqui vou relatar.

Como disse, a Silvetty selecionou pessoas aleatórias e formou casais no palco. A brincadeira era se passar por um casal verossímil e sedutor. Imagine a situação, você está no palco, forma um casal com um desconhecido e precisa dançar sensualmente para ele (e mais a plateia), apalpá-lo e tudo mais o que a drag queen pedir. Foi isso que aconteceu. Metade dos casais, obviamente, não tiveram a menor química e por isso foram eliminados. Porém, dois casais sobraram e eles queriam ganhar o tal prêmio a qualquer custo e toparam fazer de um tudo no palco, por exemplo, os homens ficaram apenas de cueca e tênis e as mulheres fizeram twerking nos desconhecidos. O ponto alto foi no “vale tudo”, uma performance sedutora. Resumindo uma das mulheres jogou o cara no chão e começou a cavalgar nele de cueca! (não houve contato sexual!!!). Perplexo, eu só pensava “essas pessoas não têm família? Não tem juízo?”. Eu não sou moralista, pelo contrário, sou defensor pela livre sexualidade do ser humano. Para mim pode fazer o quiser, desde que o casal, trio ou grupo envolvido deseje, mas, por favor, façam em quatro paredes, não precisa ser no palco com centenas de pessoas assistindo, filmando e fotografando. Sei lá, apenas minha opinião.

Enfim, esse casal ganhou! A moça desinibida estava crente que iria ganhar um anel da Silvetty que valia mais do que um apartamento em Pirituba. Mas, o prêmio final era ingressos para o Clube das Mulheres. Para finalizar o show deles, o cara que estava no palco namorava e a namorada vendo tudo da plateia. Quando a Silvetty descobriu isso tratou de chamar a namorada para o palco a fim de criar uma briga, um confronto físico, um barraco para lavar a alma. A namorada foi ao palco e para minha surpresa achou o show excitante e acabou beijando profundamente de língua a moça que cavalgou no namorado minutos antes. E o namorado o que fez? Sacou o celular do bolso e filmou o beijo das duas mulheres. Aos interessados, terá show da Silvetty Montilla no Erotika Fair todos os dias às 19h30.

Se você acha que tudo que relatei é pesado demais, não continue, daqui para frente a coisa só piora! Terminando o espetáculo da Silvetty começou o show do Clube das Mulheres. Eu já vi na tv diversas vezes, como já estava lá e era de graça, continuei na minha cadeira e presenciei uma das coisas mais horrorosas que vi na vida. O Clube das Mulheres é composto por senhores com a maior autoestima entre os seres humanos da Terra. Na década de 80, muito provavelmente eles eram homens malhados e bonitões, em 2013 eles ainda acreditam que o sejam! Imagine senhores na faixa dos 50 anos, ex-malhados e atualmente inchados, caracterizados de marinheiro, índio, cowboy e outros “fetiches”, rebolando da forma mais heterossexual possível e falando barbaridades ao microfone? É isso o show, a sensação é de tédio e vergonha alheia. Fomos embora daquele teatro durante o show do bombeiro que queria apagar o fogo da mulherada e ao sairmos nos deparamos com algumas filas!

Se há fila, logo pensei, estão distribuindo alguma coisa! Oba, eu quero. Primeiro analisei as 3 filas. A primeira e maior só havia homens e todos desacompanhados, exceto um que estava com uma mulher, a outra fila era composta apenas por casais e também era grande e a terceira fila, era uma mistura de tudo e era pequena. Apostei na segunda fila e ficamos eu e a minha sócia esperando o presente que ganharíamos. Logo descobri que na verdade ninguém ganhava presente algum.

Não se sabia o que havia depois da fila, porque em todas tinham uma porta escondendo o que acontecia por dentro da estrutura criada. A primeira fileira era oferecida por uma produtora pornô. Não entrei para saber o que essa produtora pornô oferecia, pelos comentários entendi que dentro daquela estrutura eram exibidos filmes pornôs do Canal Sexy Hot. A minha fila era mais demorada e tinha uma hostess na porta toda tatuada e com piercings. Entravam duas pessoas por vez, a grande maioria eram casais. As paredes desse local era uma espécie de plástico usado como divisória em alguns escritórios simples. O casal entrava e da fila se ouvia uma gritaria de desespero, socos e batidas nessa parede de plástico. Era um cenário que gerava ansiedade nas pessoas da fila. Minha mente brilhante logo pensou “deve ser tipo um Castelo dos Horrores do Playcenter, vai ter ator vestido de monstro, só isso explica a gritaria.”. Quando nos tornamos o segundo casal da fila a hostess perguntou para o casal da frente “Com emoção ou sem emoção?”. Eles pediram com emoção e foram jogados para o breu que era o outro lado da porta! A minha sócia logo falou para mim “Lê, por favor, sem emoção!”. Pouco depois a hostess “Com emoção ou sem emoção?”. Eu estava na chuva, eu queria mesmo era ficar ensopado! “Com emoção!” A minha amiga arregalou os olhos e antes que pudesse protestar, ela foi empurrada dentro da sala escura e quase caiu de boca no chão. Não havia monstros! Havia 5 mulheres cavalonas, tipo Panicat, todas só de calcinha e sutiã. A sala era escura, mas perfeitamente visível, não havia nada além de uma cadeira no centro e uma meia luz em cima dela. Ao entrarmos elas começaram a gritar, bater nas paredes e dizer que iam foder a gente! Eu fui arrastado para a cadeira e me sentaram nela, minha sócia também foi trazida e o estupro começou! Uma mulher colocou os peitos dela na minha orelha e passou as mãos por dentro da minha camisa, outra colocou a bunda literalmente na minha cara e ficou esfregando em mim gritando e gemendo como uma americana em filme pornô, uma terceira sentou no meu colo e começou a pular! As outras duas mulheres estavam cuidando da minha amiga, uma molestando os peitos dela e tentando tirar o vestido e a outra com a mão embaixo das pernas subindo para vocês bem sabem onde. Tudo isso aconteceu em menos de 8 segundos! Eu e minha sócia estávamos simplesmente paralisados! Foi quando a consciência voltou e começamos a interagir. A bunda que estava sendo esfregada no meu nariz recebeu um tapa meu! Algo em mim disse que não teria problema se eu desse um tapinha. Ela gritou e pediu mais, e recebeu mais, bom, enfim, essa putaria louca durou uns 30 segundos. Eu realmente me diverti, a minha amiga menos, porque ela tinha duas mãos e brigava com quatro mãos para não chegarem até a calcinha dela... Acabado nosso tempo saímos de lá com marcas de batom, eu no pescoço e ela nos peitos, eu todo vermelho e com o cinto quase desfivelado, ela trazendo o vestido para baixo novamente e com o cabelo tudo para cima. As meninas gritavam pedindo que a gente voltasse para visita-las mais tarde...

Acho que nossa aparência estava realmente engraçada, saímos pela mesma porta que entramos e o povo tudo apontado para nós. Nenhum outro casal tinha saído tão diferente de como entrou. Digamos que foi com MUITA emoção. Antes mesmo que a gente se recompusesse, entramos na terceira fila, eu tinha absoluta certeza que nada poderia ser tão intenso e emocionante como o que acabamos de viver. Engano meu... A fila era menor e logo chegou nossa vez. Mesmo cenário, porta escondendo um local escuro, uma cadeira no centro, meia luz no teto e 5 homens de sunga e cueca de couro, super marombados. O menorzinho ali deveria ter 1,80m e bem forte de academia. Mesma cena, eu arrastado e jogado na cadeira, dessa vez com razoável violência, e não havia peitos ou bunda na minha cara. Um cara sadomasoquista me pegou pelos cabelos, enquanto o outro me segurava, e gritava “Se deu mal alemão, vamu te fazer de putinha aqui igual na cadeia!”, antes que eu pudesse dizer que não estuprei ninguém, que eu era inocente, eu levei um tapa na cara, outra puxada de cabelo e mais tapa, depois ele esfregou minha cara no abdômen do outro algoz. Nunca apanhei tanto na vida, não teve Direitos Humanos naquele recinto. A coisa foi braba. Minha amiga, coitada, eu estava apanhando tanto que não vi o que se passava com ela, só sabia que era ele e mais 3 homens grandes. Quando bateram na porta dizendo que acabou o nosso tempo, sério, foi o maior alívio da minha vida. Um dos caras já estava pegando uma corda para me amarrar e no caso da minha amiga um dos caras já tinha abaixado a sunga. A gente saiu no pinote daquele lugar. Lembrando, ninguém havia perguntado se podia fazer isso ou aquilo. Eu fiquei todo o tempo mudo e a minha amiga gritava assustada AI MEU DEUS, AI MEU DEUS a cada segundo.

Depois desses dois episódios nós fomos embora da Erotika Fair? Na verdade não... Mortificados de medo a gente pegou mais uma fila que não tínhamos percebido e essa estava vazia. Desta vez a sala não era escura e não havia cadeira. Mas, uma das paredes tinha diversos buracos com a largura de um braço forte. Eu que não sou trouxa já sabia o que tinha lá dentro, mas minha sócia não. Eu avisei “cuidado com a cobra, ela pode te picar!”. Não deu outra, minha amiga encontrou uma cobrona, segundo ela. Levou a picada e aí sim, nós fomos embora da feira.

Isso e outras coisas vocês podem encontrar na Erótika Fair 2014! Quem for, me conta depois da experiência!


Ah sim, minha amiga não estava grávida do falecido. Foi alarme falso.