domingo, 23 de agosto de 2009

A Casa dos Budas Ditosos x A Vida Sexual de Catherine M.

Um dos meus livros prediletos é o "A casa dos Budas Ditosos" assinado pelo João Ubaldo Ribeiro. Digo assinado porque existe uma polêmica acerca de quem o escreveu, logo no início do livro há uma nota explicativa dizendo que os originais foram deixados em frente à casa do autor e a verdadeira autora do livro deixou sob responsabilidade de João fazer o que quisesse, inclusive publicar como se fosse seu.
Os mais lúcidos acreditam que é apenas uma brincadeira do João Ubaldo Ribeiro, que escreveu o livro em primeiro pessoa se passando por uma senhora devassa. Eu, como fã do livro, prefiro acreditar no bilhete e que o João apenas lapidou a obra.
O livro é muito mais do que o relato de libertinagem de uma mulher que viveu intensamente sua sexualidade, sem falsas palavras é uma lição de vida. Um encorajamento para a liberdade sexual, algo que aos poucos a humanidade está caminhando.
Foi tanta minha empolgação com o livro que eu fiz um curta-metragem que serve mais como um trailer do livro, para quem quiser conferir:


Com o Budas Ditosos, eu percebi uma vacuidade desse tipo de leitura em minha vida. Comprei o polêmico e famoso livro da Bruna Surfistinha, que eu considerei uma leitura interessante, mas não ao ponto de comprar seus outros livros filhotes. Não assumo que sou leitor de contos eróticos, apesar que admito ler os bem escritos, contudo, acabei sempre me dando a oportunidade de novas leituras do gênero. O último foi o "A vida sexual de Catherine M.", que fez um grande sucesso na França, assim como o "O doce veneno do escorpião" da Bruna Surfistinha fez no Brasil. A diferença brutal entre essas duas obras é que o primeiro foi escrito por uma importante e respeitada jornalista e editora de uma publicação de arte na França e o segundo foi escrito por ghost writers e assinado pela ex-garota de programa mais famosa do Brasil na atualidade.

Eu conheci o livro da Catherine por meio de uma reportagem do G1. Confesso que ela foi tão bem escrita, que na mesma semana eu procurei o livro por todas as livrarias de São Paulo e não encontrei, a edição está esgotada no país. Por ocasião do destino, eu praticamente trombei com o livro exposto em uma banca de jornais da avenida Paulista. Sem titubear eu comprei imediatamente e passei a ler o livro que a reportagem prometia ser um escabro de libertinagem e qualidade de texto.
Eu me surpreendi negativamente com a obra. Ele me servia como sonífero. Um livro que discorre o assunto sexo com tanta naturalidade e deixa o leitor com sono é porque não soube tratar com destreza. Imagine uma crítica de arte escrevendo sobre sexo sob sua ótica bastante particular. Esse é o enredo do livro.
A história é de uma ninfomaníaca (termo que em momento algum é usado no livro) que faz sexo com todos parceiros possíveis, não há romance, apesar de ela sempre viver um, não há alegrias ou tristezas, é um livro descritivo e sem emoções. Não serviu nem para me deixar excitado com alguma de suas muitas histórias. Resumindo, o livro não cumpre o que promete.

Por isso e por outras, Os budas continuarão sozinhos em meu coração e farei questão de vender meu livro da Catherine Millet para um sebo que tenha interesse.