domingo, 28 de fevereiro de 2010

Funcionário de uma grande empresa

Ano passado eu decidi estagiar na área de marketing de uma grande empresa. Por dois motivos: ambiente onde eu pudesse aprender com profissionais experientes e ter a oportunidade de crescimento. Por isso eu acabei me inscrevendo em diversos programas de estágios. Esses programas recebem sempre milhares de inscritos e em muitos deles eu fui para frente. No próximo post eu vou escrever um texto dando dicas cruciais de como ir bem nesses processos. Resumindo essa parte, eu passei nos processos seletivos do Itaú, da Oi, da Volkswagen e do Santander. Eu pude escolher a empresa na qual eu gostaria de trabalhar. Um luxo merecido, pois eu dediquei boa parte do segundo semestre de 2009 com esses programas.

Eu optei em trabalhar no Santander por diversos motivos, desde remuneração até a política de desenvolvimento dos funcionários. O modo que a empresa foi apresentada pela Page Personnel - consultoria de recrutamento - fazia qualquer funcionário público pensar duas vezes se não trocaria seu emprego estável por um emprego na instituição.
Estou satisfeito com a minha escolha, eu ainda não comecei o trabalho, mas já conheci a equipe com quem vou trabalhar, o lugar e parte do prédio. O edifício que fica a sede do Grupo Santander Brasil é um capítulo a parte. Li na Exame que ele custou 1 bilhão e 100 mil reais. É um dos prédios mais imponentes de São Paulo. Estou encantado pelo prédio até agora. Meu andar será o vigésimo, onde fica o departamento de Qualidade e Sustentabilidade. Isto é, o meu departamento!
De cara houve uma empatia pelos meus superiores. Acredito que foi recíproco, já que foram eles que deram a palavra final e me contrataram.
A resposta que eu fui selecionado veio exatamente há um mês. E só consegui entregar a documentação exigida pelo RH da empresa há dois dias. O CIEE, o Mackenzie e os fatos mais inesperados possíveis fizeram eu atrasar a entrega. Eu já tinha ódio da burocracia, hoje eu já declarei guerra contra ela. 
Resumindo. Estou super feliz e e empolgado. Ansioso para começar de vez e ajudar o Santander ser o melhor banco do Brasil. Meta que é verdadeira e tenho certeza que conseguiremos juntos.

Para finalizar, uma histórinha entre mim e o banco.
A primeira vez que eu ouvi falar desse banco foi em 2000, portanto há 10 anos e eu tinha apenas 12 anos de idade. Foi quando ele comprou o Banespa, banco estatal do Estado de São Paulo. Lembro que tinha odiado, porque um banco "nosso" acabara de ser comprado por um banco espanhol. Lembro também que saiu uma tirinha na capa de um jornal do famoso prédio do Banespa no centro de São Paulo, onde tem uma bandeira paulista tremulante e abaixo escrito Banespa, nessa tirinha o mesmo prédio tinha uma bandeira espanhola e abaixo estava escrito BanESPANHA.
Depois superei isso, até mesmo abri uma conta no Santander e hoje tenho imenso orgulho de trabalhar no Grupo Santander Brasil.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

a não obrigação de atos heróicos

 Incrível a capacidade das pessoas em julgar e crerem no poder de autonomia para isso em relação a figuras públicas que assim são não porque procuraram ser, mas acabaram sendo.



O caso que venho vos contar é do ser mitificado ainda vivo, o Tiger Woods. Dizem as boas e más línguas, que ele é o maior golfista de todos os tempos. Não posso emitir opinião porque não conheço nada do esporte, porém conheço muito do Tiger.


Como o Pelé, ele faz propaganda de tudo e com um cachê de fazer inveja a qualquer Tio Patinhas. Conheço-o por meio dessas propagandas e das muitas fotos que vi em jornais. Muitos enxergam esportistas campeões como heróis. Minha visão de herói é aquela de uma pessoa que salva uma nação, um grupo de pessoas ou então que até mesmo uma única vida do perigo. Um bombeiro é um herói, um golfista não.


Talvez por falta de heróis, já que a maioria deles são apenas seres imaginários ou de histórias de ficção, as pessoas colocam essa necessidade de venerar alguém como semi- Deus em pessoas públicas, como esportistas ou músicos. Coitado dessas pessoas que foram colocadas no pedestal sem antes ter sido consultadas. Creio que golfistas, usando o exemplo deste texto, o Tiger Woods, não escolheram o ofício por quererem tornar-se heróis, mas sim porque gostam do esporte e têm talento para isso.


E nessa confusão de heróis místicos dos livros com heróis empossados da vida real, as pessoas não conseguiram assimilar que os heróis da vida real não são seres perfeitos ou que estão o mais próximo possível dessa perfeição. Talvez sejam extremamente bons em alguma coisa, como o Tiger é nas tacadas e na mira miraculosa. Mas não em tudo.


Quando o herói mostra-se imperfeito todos seus fãs, súditos, fanáticos, dependentes e afins, pegam suas pedras para apedrejar o herói que antes era o maioral. Mas desta vez não há Jesus Cristo para lembrar que ninguém é perfeito. É o herói contra a massa moralista e cega. E esse ato de apedrejamento nada mais é que um paliativo próprio, como se as pessoas se enobrecessem a cada discórdia dos atos errados do herói.


Tiger não deve nada para ninguém, ele sendo uma figura pública em que muitas pessoas depositam sua insignificância nas costas dele ou sendo o nosso vizinho que nós pouco sabemos a respeito.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Gringo no samba

O Carnaval em São Paulo muitas vezes se resume em desfiles de escolas de samba e apesar do que alguns cariocas pregam, a capital paulista não é o túmulo do samba. Prova disso é a existência de renomadas escolas de samba, entre elas podemos citar a Nenê de Vila Matilde, que na verdade está instalada no bairro da Penha, a Rosas de Ouro e a Vai-Vai.
Certa vez fui conhecer um ensaio a convite da Lygionilda, garota com olhos de gato que trabalha no aeroporto e fala igual a um travesti, apesar de ter órgãos genitais femininos. O ensaio era na quadra da Vai-Vai, no Bexiga, como eles costumam dizer e não Bela Vista, como os moradores costumam dizer. De cara notei que o ensaio não acontecia na quadra, mas sim na rua e ela, obviamente, interditada.
Decidi brincar com minha aparência, por ser loiro e muitos dizerem que tenho aparência de estrangeiro, eu fingi ser holandês. Escolhi essa nacionalidade porque sei que o brasileiro típico mal sabe onde fica a Holanda, portanto, não conseguiria pegar minha pegadinha por conta de algum deslize meu acerca da cultura. Também decidi ser holandês por um dia porque eles falam prioritariamente o holandês, sua língua mãe, e outros idiomas, como o inglês, eles aprendem no dia-a-dia, de modo mais informal, portanto, caso eu escorregasse no inglês, ninguém poderia apontar o dedo na minha cara e dizer que sou uma farsa.
Fui lá, fazer o gringo que mora dentro de mim sambar. Eu, assim como qualquer estrangeiro animadinho, tenho total convicção que sambo bem pra dedéu, apesar de não sambar nada e geralmente tropeçar nos passos. Minha maior fonte de inspiração é o mestre-sala, que rodopia e pula feito uma perereca reumática.  Às vezes também me desce, como uma pomba-gira, minha maior referência “sambística”, a Globeleza, e danço loucamente.
Comecei meu show particular, não que essa fosse minha intenção, e não demorou muito para as pessoas apontarem, rirem discretamente, pouco depois nem tão discretamente e não muito depois, a tirarem foto, filmarem e me imitarem – sarcasticamente -. Virei atração no ensaio da Vai-Vai, competindo a atenção com as mulatas de minissaia.
Os outros gringos, os de verdade, eram bem mais discretos, no máximo dois passinhos para lá e dois para cá, com os dedos indicadores apontados para o céu e os braços em ângulo de 90º graus. Fiz várias amizades breves, treinei o inglês do povo, não que o meu era bom a esse ponto, aprendi a falar palavras em português com o sotaque mais cômico que eu conseguia imitar e a noite transcorreu na maior alegria.
Descobri em mim um dom, sou o maior pé de valsa, quer dizer, maior pé de samba de toda a Holanda. Rotterdam ficou pequena demais e no ano seguinte, este de 2010, voltei para a quadra da Vai-Vai, ouvir a bateria estremecer meu corpo com aquela batida fenomenal e sambei novamente, agora embaixo da chuva e agradeci a Iemanjá (???) pela noite molhada de samba.