sábado, 23 de agosto de 2014

O pum ético

Durante uma aula de Ética, na época da minha faculdade, aconteceu um fato inesperado comigo.

Os alunos não gostavam muito dessa aula, achavam que era bullshit. Eu também não via muita utilidade, apesar de que hoje sei a diferença entre ética e moral de uma maneira cirúrgica por conta dessa disciplina. A professora era bem simpática, falava muito da vida dela, até hoje eu me lembro de que uma vez, em sua adolescência, em que ela foi para uma balada com uma amiga e ao voltar juntas de madrugada, a amiga foi direto para a cama dormir, enquanto ela foi tomar banho e tirar a maquiagem. Até hoje quando chego de madrugada em casa eu me recordo dessa ocasião e me pergunto se outras pessoas têm a mesma força de vontade da professora e tomam banho antes de dormir. Eu durmo sujo mesmo e morro de medo de ser julgado por isso.

Voltando ao fato inesperado. Nesse dia os alunos estavam impossíveis, não respeitando a aula e conversando em voz alta. Eu era um desses malcriados. A professora se cansou e expulsou metade da sala de aula. Todos que estavam ao meu redor foram expulsos, eu não. Possivelmente porque a professora tinha grande apreço por mim. Após a expulsão eu me vi isolado na segunda fileira, não havia ninguém perto de mim. Ainda assim deveria ter uns 25 alunos dentro da sala. Finalmente a professora tinha uma plateia silenciosa e atenta.

Nesse momento as flatulências começaram a borbulhar dentro de mim. Não dei corda, de forma não intencional desconsiderei o problema, como se nada estivesse acontecendo dentro de mim. Até hoje eu me pergunto por que eu fiz isso! Segundos após, de forma inconsciente, eu simplesmente levantei minha nádega direita e soltei um pum! Não era qualquer pum, era um peido barulhento e com respeitáveis decibéis! Tudo aconteceu tão rápido e inesperadamente, que quando dei por mim, não tinha mais o que fazer. 
Imediatamente algumas garotas começaram a gargalhar aos berros, a professora, que estava a menos de 2 metros de mim, já tinha interrompido a fala e me encarava muda e de olhos esbugalhados.

Era primeiro ano da faculdade e se eu ainda tivesse alguma dignidade (digo isso porque eu me lembro que na primeira sexta-feira do ano letivo todos os alunos foram ao bar juntos, eu bebi mais que devia, subi numa mesa, tirei a roupa e falei mais do que devia. Então meus colegas de classe já sabiam que não era o mais normal de todos), provavelmente ela teria ido para o ralo pela eternidade.

Alguns alunos do fundão não ouviram a bufa e perguntaram o que tinha acontecido para a professora ficar em silêncio enquanto algumas pessoas riam até chorar. Eu me senti compelido a dizer a verdade, afinal de contas eu estava na aula de Ética e não tinha como mentir ou culpar o coleguinha do lado. Eu respondi de forma tímida “Eu soltei gases!”. Pronto, a aula acabou definitivamente. As mesmas meninas que gargalhavam começaram a passar mal de tanto rir e foram se recompor no toalete.

Apesar dessa história constrangedora esse acontecimento foi um fato que caiu no esquecimento. Talvez seja porque eu tenho tantas histórias constrangedoras, mas isso não vem ao caso no momento.


Por fim, a professora elogiou minha atitude e disse que gases são  naturais do ser humano e apesar de muito barulhento, ele não foi fedido. Menos mal. 

domingo, 10 de agosto de 2014

Pequeno tour espiritual

A busca pela elevação espiritual talvez seja uma das metas mais almejadas pela humanidade. Há pessoas que já nascem elevadas naturalmente, isto é, a religião já vem de berço de forma hierárquica e sem questionamentos por parte dela. Se essa regra fosse aplicada a mim eu seria um católico apostólico romano. Contudo, eu sou um contestador por natureza. Meus ex-chefes bem sabem dessa minha característica.

Hoje eu não tenho nenhuma religião, apenas acredito em Deus. Não sei mensurar seu poder e influência, conquanto, prefiro apenas acreditar. Até chegar nesta conclusão eu já fiz um pequeno tour espiritual.

Lembro-me que na escola eu tive uma aula religiosa. Não estudei em colégio católico ou coisa parecida, mas tive uma aula religiosa em algum momento da minha infância. Óbvio que não colaborei e sacaneei. A professora pediu para que cada aluno desenhasse como imaginava a aparência de Deus e depois tínhamos que explicar aos colegas de classe. Foi uma chuva de Jesus Cristos. A criançada desenhou homens barbados, brancos e magros. Eu desenhei uma grande mancha roxa escura, mais parecia uma visão de alguém que usou algum alucinógeno. A professora, por sua vez, devia ser pedagoga e não soube lidar comigo.

Pouco depois fui matriculado na catequese. Meus pais são católicos, mas só vão à igreja em casamento, batizado e missa de falecimento. Como todo bom católico, né? Por um ano fui obrigado a ir à igreja todo domingo de manhã fazer aula e depois assistir a “missa dos jovens” que era uma cantoria de mais de duas horas e eu doido para chegar em casa e assistir o finalzinho da Fórmula 1. Fui coroinha diversas vezes e nunca aprendi a fazer aquele sinal da cruz mais profissa, que não é apenas em nome do Pai, do Filho e Espírito Santo. É um estratagema meio ninja, o padre resmunga um monte de coisas e o pessoal fica se tocando o tronco inteiro, fazendo uma cruz complexa. Enfim, até hoje não sei fazer esse negócio. Tenho problemas com coordenação motora.

Depois que, aleluia, terminei a catequese minha mãe quis me colocar na crisma. Até hoje não sei que caralho é essa tal de crisma. Nunca topei continuar meus estudos litúrgicos. Anos depois eu vi o padre da minha igreja no SPTV. Ele foi denunciado por pedofilia, na casa dele, atrás da igreja, onde era proibido a entrada de qualquer pessoa, ele mantinha, praticamente em cárcere privado, 3 adolescentes, duas delas menores de idade, do interior do Paraná. Minha vizinha de parede era uma beata louca, quando o padre safado foi preso ela fazia bolo para levar na cadeia. Logo entrou um novo padre e a paróquia voltou ao normal, exceto por um fato, eu não frequentava mais a igreja.

Como todo ser humano desesperado, quando precisa de algum milagre, logo recorre a Deus. Eu queria muito passar no vestibular da Federal de São Paulo e fazer o ensino médio lá. Minha tia, outra beata, mas que nunca fez bolo para padre pedófilo, levou-me até a igreja para eu pedir isso a Deus. Não contente, no final da missa, ela me conduziu até o padre, esse tem a maior cara virgem do mundo, poderia muito bem ser confundido com um otaku ou jogador de LOL, e pediu para ele abençoar meus planos escolares. Resumo da ópera, não estudei o suficiente e não passei no vestibular, que era super disputado. No ano seguinte eu tentei novamente e passei. Mas, como tenho orgulho, não quis estudar lá, esnobei mesmo.

Passado um tempo eu fui buscar novos sentidos religiosos. Por algum motivo imaginei que eu poderia me tornar budista. Eu e uma amiga, a Chuchuzona (cata o apelido da minha amiga!), fomos ao Templo Zulai. Eu olhava a monja careca e ficava me pergunta “Pra que isso?”. Na época eu tinha cabelo verde limão florescente que brilhava no escuro, por isso a observação sobre a careca dela. Não gostei muito não, não conseguia me concentrar, aquela coisa de homens de um lado e mulheres do outro não me agradava, a meditação não fluía e no final não podia comer carne. Fui com a Chuchuzona mais algumas vezes, mas pulei fora. Budismo não era minha praia, sou hiperativo demais.

Próxima descoberta foi o espiritismo sob a ótica do Allan Kardec. Sempre tive medo de espíritos, então não fazia sentido ir atrás justamente deles. Quem me levou foi outra tia minha. Eu achei mesmo o prédio meio mal assombrado, até hoje quando passo na porta à noite eu olho para o sótão a procura de alguma luz suspeita. Aquela coisa de tomar passe também é meio estranho, todo mundo de branco na sala, com os braços estendidos e olhos fechados. Quer dizer, exceto eu, óbvio que fico bem alerta querendo saber o que vai acontecer na hora do passe. Para mim é a hora mais apropriada para o espírito aparecer. Nunca vi um. Outro dia fui à Federação Espírita tomar passe, minha amiga disse que seria bom, mas antes do passe rolou uma palestra e não é que uma das mulheres que falou estava incorporada? Não acho que foi teatro, ela parecia a menina pastora, mas falava com coerência. Como sempre tive medo dessas coisas não daria certo eu frequentar centros espiritas, né? Quando eu era menor eu me lembro de ter assistido na Sônia Abraão uma sensitiva que explicou que os espíritos ficam alojados nos batentes das portas, por isso, nunca fiquem parados embaixo de qualquer porta. Ela também ensinou que alguns espíritos querem roubar nossa energia, para evitar isso basta tampar o umbigo com fita isolante ou com o dedo mesmo. Quando eu sinto uma energia estranha a primeira que faço é colocar o dedão em cima do umbigo. Aprendizados da vida!

Eu sei que esoterismo não é exatamente uma religião, mas vou contar uma experiência. Eu já fui a uma feira esotérica que aconteceu há muitos anos em algum shopping de São Paulo, lá escolhi passar com uma esotérica que lia o futuro por meio dos búzios. Falou tanta asneira, não botei fé nela. Mas, disse algo importante, guarde essa informação para mais adiante; eu perguntei se algum dia eu seria rico e ela disse NÃO. Anos mais tarde eu passei com um amigo que lia tarot, ele disse coisas bem legais para mim e eu novamente perguntei se eu seria rico algum dia. Outro NÃO. Em breve retomo o assunto da riqueza.

Eu comecei a fazer uma faculdade, durei apenas algumas semanas e desisti. Eu fui idiota, sempre quis ser jornalista, mas por algum motivo aos 18 anos eu tive a brilhante ideia de prestar HOTelaria. Merda feita e logo desfeita, ainda naquele ano havia a opção de vestibular no segundo semestre. A única faculdade de jornalismo com inscrições abertas para o segundo semestre e que eu consideraria estudar era o Mackenzie. Mas, eu também gostava de Economia, por isso me inscrevi para o IBMEC. Como era fato que eu passaria nos dois vestibulares, eu preferi anteceder minha escolha antes mesmo do vestibular. Uma amiga me sugeriu apelar às cartas. Por algum motivo eu achei uma ideia interessante. Ela comentou que uma amiga dela estava lendo cartas e cobraria pouquinho de mim. A amiga dela em questão tinha 16 anos, havia comprado as cartas do tarot e um livro explicativo há menos de um mês e me cobraria apenas 15 reais. Durante a consulta no quarto dela eu todo aflito perguntei qual faculdade deveria cursar, ela então tirou as cartas e disse “Faça Jornalismo, você terá muito sucesso e será muito feliz! Se você fizer Economia será infeliz!”. Também perguntei se um dia serei rico com o Jornalismo e a resposta foi NÃO.

No dia seguinte eu tinha o vestibular do IBMEC. Uma cartomante adolescente de 16 anos me convenceu a desistir de Economia. Dormi mais tarde e perdi o vestibular. Passei no Mackenzie e no final do primeiro ano de Jornalismo eu tinha certeza absoluta que fiz a escolha errada, Jornalismo não era minha praia!

Outra religião que sempre me bateu curiosidade era a umbanda. Eu tinha um amigo que frequentava terreiro, eu comentei da minha vontade, na verdade não era só vontade, eu tinha uma necessidade. Eu achava que haviam feito uma macumba contra mim. Meu amigo foi super solícito e me convidou para conhecer o terreiro dele e iria me apresentar ao Pai de Santo que poderia descobrir se algum trabalho contra mim foi feito.

Meu amigo pediu que eu o encontrasse na estação Santana do Metrô. Lá fui eu, quando, de repente, para minha surpresa, me aparece ele e uma mulher ambos de batas brancas e um chapéu característico. Porra, meu amigo nunca disse que ele era pai de santo! E o choque? Todo mundo olhando! Eles me levaram até o carro e ao entrar na parte traseira eu quase morri. Havia gaiolas com galinhas pretas, pombas e outros bichos. Todos vivos. Nem te conto para que eram essas aves... Eles ainda pararam em um supermercado para comprar algumas bebidas, frutas e outras coisas. Vejam que agradável, domingo de manhã, eu no Pão de Açúcar com um pai e uma mãe de santo, vestidos a caráter, fazendo compras para a oferenda do dia. E para ajudar um monte de aves nos esperando no estacionamento. Se não morri de vergonha esse dia é porque realmente não é possível morrer desse jeito.

Ao chegar ao terreiro mais um choque. O terreiro era na verdade uma pequena mansão no bairro da Cantareira, região nobre da ZN. Cheguei ao lugar e lá morava uma família, eles me mostraram de fato o terreiro, que era o quintal da casa. Um monte de estátuas horripilantes de madeira, velas coloridas, chão de terra. Agora sim uma expectativa minha sendo concretizada. Na casa vivia o pai de santo mor, fomos apresentados e não rolou uma empatia recíproca. Ele me levou até o consultório que ele lia búzios e me pediu dinheiro para o santo. Eu não sabia que tinha que pagar, não estava com dinheiro, apenas cartão. Pedi emprestado para meu amigo e o pai de santo disse que o dinheiro precisava ser meu. Peguei tudo que tinha na carteira, pouco mais de cinquenta centavos e perguntei se rolava aquele troquinho. Rolou!!! Ele e o santo dele aceitaram. Minha primeira pergunta: “Eu fui macumbado?”.

A resposta foi SIM! Magia negra das bem ruins e poderosas. Quase tive uma síncope. Pior que eu sabia muito bem quem fez. Como já estava lá e estava paga a consulta (65 centavos, mas pago!), eu resolvi perguntar sobre a vida. O pai de santo disse que minha mãe morreria em breve por uma doença fatal e que meu pai deveria largar a segunda família que ele mantinha em sigilo. Minha mãe está vivíssima e meu pai vive em função da única família que ele tem. Perdi a confiança no pai de santo. E claro, fiz a pergunta de sempre “Eu vou ficar rico?”, a resposta também não variou. NÃO! Ele também me disse que poderia reverter a macumba... Fiquei interessadíssimo! Cobraria um preço amigo e eu precisava providenciar algumas oferendas. Ele me passou a lista, era um zoológico inteiro, só faltou colocar um tigre de bengala. Eu decidi não sacrificar animaizinhos e que um dia a macumba perderia a força sozinha.

Eu queria ir embora daquele lugar, mas logo iria começar o ritual deles. Repensei e decidi ver aquilo. O pai de santo mor proibiu a minha entrada no terreiro, disse que a macumba foi forte demais e que eu estava muito carregado. Vocês têm noção que fui expulso do terreiro de macumba? Eu não sabia onde estava, não tinha Google Maps no meu celular, que na época nem existia iPhone. Eu precisava esperar o ritual acabar e meu amigo me levar ao metrô. Fiquei na cozinha com mais duas crianças, netos do mor. Eles também não podiam acompanhar o ritual, mas sabiam o que acontecia lá. Disseram-me que o meu amigo incorporava sempre um orixá X e que se batia, gritava e mudava de voz. Era um pouco assustador e que apareciam “coisas” no terreiro. Óbvio que não acreditei até começar a ouvir urros e berros, batida de tambor e mais um monte de sons assustadores. Eu queria era chorar, bateu um desespero, queria sair correndo para a rua e as duas crianças nem aí. Não me importei com a calma delas e decidi segurar nas mãos delas e dizer que tudo acabaria bem. Foram os 15 minutos mais longos da minha vida. Logo todos voltaram, meu amigo todo imundo e com mão suja de sangue, provavelmente da galinha preta ou da pomba. Fui levado para o metrô? NÃO! Fui convidado para almoçar com eles, rapidamente fizeram uma macarronada e comemos todos... Eu inclusive repeti o prato e olha que o molho era à bolonhesa!

Depois dessa experiência eu coloquei o pé no freio nessas descobertas religiosas. Já me chamaram para rituais xamânicos e Santo Daime. Eu nunca fui, uma por medo e outra porque se no terreiro de macumba rolou tudo aquilo, imagina em um ritual de doutrina espiritualista amazônica? Além disso, até onde sei esse povo toma uns chás alucinógenos, tenho medo de tomar chá de lírio e nunca mais voltar. Para não dizer que não faço nada, de vez em quando tenho vontade de comer hóstia e vou à missa só pra isso. A última vez o padre falou tanta merda no sermão, contou umas barbaridades que qualquer pessoa que estudou história minimamente choraria de tristeza. Minha mãe me impediu de levantar a mão e questionar o padre no meio da missa. 

Uma única certeza meu tour espiritual me forneceu. A certeza que não serei rico um dia. Pelo menos assim eu economizo 2 reais no joguinho da Mega Sena quando acumulada.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Conte-me um segredo seu?

Tudo caminhava na santa paz da normalidade em minha timeline do Facebook. Fotos de viagens incríveis, frases de autoajuda, filhotes de gatinhos, vídeos engraçados e embate político entre petistas e tucanos. Até que sou surpreendido pela seguinte frase escrita em uma imagem jpeg com fundo laranja "Cago no trabalho só para passar o tempo e não ter que olhar para a cara dos colegas por 15 minutos que seja".

Essa confissão quebrou a verossimilhança do propósito do Facebook. E nem preciso dizer que fiquei chocado. Sinceridade demais choca as pessoas. Passados mais uns dias e novamente outra frase de impacto passeia pela minha timeline "Queria dar para todo mundo sem ninguém ficar me julgando. Enquanto isso, vou dando e sendo julgada mesmo". Desta vez o fundo da imagem era rosa. 

Nessa altura do campeonato eu já desconfiava que essas frases não eram do meu amigo do Face, provavelmente de algum Tumblr novo, toda semana um Tumblr sensacional é lançado. Ontem eu descobri a verdadeira origem dessas frases. A fonte dessas confissões encharcadas de absoluta e perturbadora sinceridade é de um novo aplicativo chamado Secret.

O Secret funciona assim: você faz um cadastro, podendo se conectar pelo Facebook, como qualquer outro aplicativo social. A ideia é que você poste segredos anonimamente para que amigos, amigos de amigos e pessoas próximas a você possam ler, curtir e comentar, tudo também de forma anônima. Desta maneira, você pode ler diversos segredos, interagir com eles e ninguém nunca saberá dos autores envolvidos.
Obviamente que as chances de isso dar merda são gigantescas, dar a oportunidade das pessoas falarem o que bem entenderem sem que haja nenhum tipo retaliação, é um parque de diversão para gente maluca. Nos EUA esse aplicativo é bastante usado como ferramenta de cyberbullying, hoje mesmo eu me deparei com uma confissão e dezenas de comentários anônimos a respeito de um blogueiro que eu conheço. Comentários pesadíssimos, ofensivos, cruéis e alguns nojentos.

Contudo, isso foi uma exceção. Como pude conferir, o brasileiro está usando menos como objeto de bullying e mais como fim de putaria. Oitenta por cento (esse é um dado que acabei de inventar, assim como 90% das estatísticas que lemos por aí, que também é outro dado da minha cabeça) das confissões têm o assunto sexo envolvido. Inclusive li um Secret que dizia: “Os EUA transformaram este app num grande estimulador de bullying. O Brasil transformou numa grande putaria. BRASIL MELHOR EM TUDO!”. A mais pura verdade.



Eu consigo ver o outro lado do Secret, não apenas como um espaço para difamação ou putaria, mas como um espaço para se abrir. Muitos e muitos secrets são verdadeiros desabafos, eu li sobre traumas, medos, arrependimentos, vontades e tantas outras coisas que nós levamos ao analista e amigos íntimos. E como é possível interagir, sempre há vários comentários de encorajamento ou de situar a pessoa à realidade.

Estou adorando ler os segredos dos outros, quem nunca se perguntou qual história tem por de trás daquela pessoa desconhecida que está do seu lado no metrô, esperando o semáforo abrir ou na fila do supermercado? Não sei se sou o único anormal em ter esses pensamentos, acredito que todo mundo tem uma boa história a contar, melhor ainda se for um precioso segredo, não?

Fica aqui minha sugestão para baixar o Secret, disponível na App Store e Android.

E como os segredos são anônimos e públicos, vou compartilhar alguns que li hoje. Apenas hoje serei fofoqueiro. Mas antes, conte-me um segredo seu para mim?

“Eu te amo, vc me ama, a gente diz que é só amizade por medo de tentar algo sério e estragar isso. Somos idiotas.”
“Já soltei um peido devastador na balada e chamei todas de porcas”
“Queria gostar de putaria e fetiches mas só gosto de amorzinho”
“Penso muito no futuro e esqueço de viver o agora. Todo dia me arrependo disso.”
 “Tô pegando um cara e uma mina e não sei com qual quero ficar... Como lidar?”
“Colega de trabalho cagava um bonde e fedia a agência inteira. Tive que pedir pro financeiro comprar Bom Ar”
“Gosto de imitar um dinossauro quando estou sozinho em casa.”
 “Morro de vontade de transar com 3 ou 4 homens, ao mesmo tempo, mas me falta coragem”
“Meter chapado de maconha é a melhor coisa do mundo”
“Sou tão gorda que vi um Secret falando de BKT e fiquei com vontade de um Burger King Trio”

“Quando não estou pensando em comida estou pensando em sexo”