terça-feira, 11 de junho de 2013

A questão não são os 20 centavos

Cresci ouvindo que a minha geração é acomodada, que somos "revoltadinhos de apartamento" e "rebeldes sem causa", que protestamos apenas na frente da tela do computador e etc.

Agora uma parte mais politizada e esperta dessa mesma geração sai à rua para lutar pelos direitos de todos nós e são taxados de vagabundos, esquerdistas, bugios revoltados, bandidos...

O Brasil está precisando de uma mudança, alguém discorda disso? Aos que enchem a boca para chamar os manifestantes de bandidos e bugios revoltados, como vocês sugerem que nasça essa mudança? Deixa eu adivinhar! Das urnas? HAHAHAHAHAHA Nenhuma mudança significativa irá acontecer sem movimentos visíveis orquestrados e intencionados por jovens/cidadãos inconformados com a nossa realidade. Foi assim na Primavera Árabe, para ficar apenas no caso mais recente e sem entrar na história do Brasil, e será assim caso queiramos de fato uma mudança substancial.

A questão aqui não são apenas os 20 centavos, é tudo muito maior, essas pessoas estão lutando pelo direito de dignidade e para dar voz ao cidadão. Cidadão, esse personagem social, que há 20 anos se encontra mudo, quase morto. Ainda que os conservadores individualistas "que andam de SUV a caminho dos happy hours dos Jardins"* queiram calar os inconformados e assim fazer prevalecer esse conformismo que assola toda a sociedade de gados que apenas reclama do Governo dizendo “imagina na Copa”, eu dou todo o meu apoio às manifestações, tanto que quinta-feira haverá outra, no mesmo bat local e bat horário de hoje e pretendo estar lá. Porque quem reclama do trânsito, do lixo queimado ou da estação de metrô depredada gerados pelos protestos, imagino que concorda com a realidade ou tem um plano mais eficiente, silencioso e limpo de como mudar para melhor. Eu não me conformo com a realidade e não tenho um plano individual mais eficaz do que um grito em coro.

*trecho retirado do ótimo texto do André Borges Lopes chamado "Jovens vão às ruas e nos mostram que desaprendemos a sonhar".

Nenhum comentário: