quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Pensar a morte por Thaís Yumi

Vou publicar aqui um texto da minha noiva, Thaís Yumi, que fala sobre a vida e a morte. Ela aproxima esses dois termos, que para muitos são antagônicos, mas ela sabidamente os colocam como intrínsecos.

Pensar a morte

Já foi dito que o homem vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido. Isso até poderia ser aceito nos primórdios da existência humana, em que o Homo era mais demens do que sapiens. Entretanto, já com o encéfalo desenvolvido, é contraditório viver apenas como um animal cumprindo com seu ciclo vital, procriando apenas para abastecer o mundo e esperando a morte como somente o final de uma trajetória sem sentido.

A vida leva um ritmo que uns acreditam ser rápido, outros monótono, uns vivem a espera dos acontecimentos, outros fazem acontecer. A passividade em relação à vida se torna maléfica na medida em que nos tornamos insensíveis a morte, menosprezando nossos atos, nossa existência, o destino do planeta. Pensar a morte é dar sentido à vida.

Porém, mesmo consciente de nossa mortalidade, somos vulneráveis a peças que a vida nos prega, ou seja, vamos morrer – ao menos fisicamente – um dia. A questão é se fora, ou não, válido ter vivido.

Otto Lilienthal, alemão que criou o planador, contribuiu para a criação do avião, porém morreu em vôo, com a sua própria criação. Marie Curie descobriu o elemento químico radio e passou o restante de sua vida realizando pesquisas sobre radiação, mas sua exposição constante a esta fez com que ela desenvolvesse leucemia, o que provocou sua morte. Também conheço a história de um chinês que defrontou um tanque de guerra, de um indiano que fez uma revolução sem armas, e de tantos Josés e Marias que são sepultados por tentarem salvar a vida de seus semelhantes. Para o nascimento de progressos e glórias, algumas vidas tem que ser arriscadas, sacrificadas.

Sim, também há as pessoas samambaias, nas quais a mediocridade é um estilo de vida, talvez elas tenham medo do novo, afinal pode ser perigoso, talvez nem mesmo saibam para que vieram ao mundo e ignoram a morte devido a incapacidade de lidar com a própria vida.

Dizem que os únicos que superam a angústia são os heróis, os santos, os loucos, os artistas e os revolucionários. Possivelmente, estes sabem construir uma vida vivida e não morrem, amadurecem por completo, atingindo a perfeição humana.

Thaís Yumi.

3 comentários:

Marcelo L Callegaro disse...

Que lindo este texto sobre a vida e a morte. Parabéns pela postagem Lê.

Sonhos e Devaneios disse...

Para mim estes herois vivem sem se preocupar com a morte, e quem o faz assim consegue viver de verdade.
abraços
joao

Marcelo - Monte Alegre do Sul - SP disse...

Parabéns pela postagem! Abraços...