Há umas semanas atrás eu escrevi minhas impressões sobre o livro Ensaio Sobre a Cegueira do escritor português José Saramago e contei da minha expectativa do filme homônimo do diretor brasileiro Fernando Meirelles. Hoje foi a estréia do filme e finalmente pude matar minha curiosidade.
Não farei uma crítica minuciosa ao filme, eu até entendo minimamente de cinema para fazê-la, mas esta não é minha intenção. Antes de escrever qualquer crítica indevida ou não, tenho um questionamento interno: qual seria minha opinião em relação ao filme caso eu não tivesse lido o livro que gerou a película?
Eu tentei entender a história sem o auxílio de Saramago, todavia, às vezes, eu me perdia, eu me embolava no desenrolar dos acontecimentos. Eu sabia o que estava ocorrendo por causa da minha leitura, mas se fosse apenas pelo filme acho que não teria compreendido tudo. No entanto, até agora não o entendi por completo, o filme é confuso. Eu gostaria que meus estimados leitores que já assistiram ao filme e não leram o livro dissessem o que achou e me falasse também se entendeu tudo. É uma curiosidade que tenho.
Minha expectativa era quase que megalomaníaca, por isso acho que o filme não está nivelado ao livro. Eu imagino muito bem as dificuldades de adaptar um livro para a telona, ainda mais quando ele é escrito por um vencedor de Prêmio Nobel. Fernando Meirelles apostou alto, entretanto, ele ficou em débito. Poucos leitores estarão satisfeitos com a adaptação, muitos por causa da inevitável falta de fidelidade, outros por ele dar vida, dar feição aos personagens (na minha cabeça a rapariga de óculos escuros sempre foi e sempre será uma loira de cabelo encaracolado, mesmo que a Alice Braga, uma morena de cabelos levemente cacheados dê vida para ela no cinema).
Meirelles não conseguiu deixar a platéia agonizada e aflitiva. Percebi isso observando os outros espectadores, mas levarei em consideração, principalmente, o que senti. Foi quase que uma apatia. Fui para a sala de exibição preparado para apertar a cadeira, me segurar e fechar os olhos em dados momentos. Nada aconteceu, nenhuma reação parecida tive. Os momentos mais críticos do livro no filme foi apenas uma passagem. Lembro-me bem quando eu tive vontade de chorar ao ler momentos do livro, quando estiver pronto a vomitar, quando queria parar de ler porque estava muito forte para mim, quando parei para refletir e principalmente, quando pensei o que ando fazendo da minha visão. No filme tudo isso passou batido. Meu único divertimento foi reconhecer minha cidade, São Paulo, na telona, rir dos táxis não paulistanos, reconhecer o Minhocão e olhar a Ponte Octávio Frias inacabada. O filme não passa sensações, o filme não detalha emoções.
Obs: eu disse que não seria uma crítica ao filme, tentei evitar, mas no fundo este texto virou uma crítica.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
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8 comentários:
verei amanhã! aê aê. mas eu não li o livro!
Oi,meu amigo
Li o livro por causa de vc...rs(do seu post) e agora estou louca para ver o filme...
Vou até reler,pois já vi que a leitura vai ajudar a compreender o filme.
Obrigada!
Beijo grande!
Eu não li o livro e tenho uma opinião bem diferente (provavelmente por isso).
Eu não me perdi na história e acho que entendi o que acontecia. Achei um filme forte, que me fez sentir vontade de chorar e de vomitar... achei um filme cheio de sensações e emoções, saí do cinema angustiada e foi difícil de pegar no sono depois...
Eu tb vi o filme e sinceramente achei ele muito forte.. sem comentários.. mas foi bom.. e sua critica está muito boa :)
cara vou ler o livro e depois ver o filme locando, tem o alberto lá do MFC que viu peça e tudo e ama o livro, estou curioso. Outra coisa , dá uma scada nos mangás lá no blog e me diz o que acha, pq sua opinião é sempre show de bola, abs, leandro
Leandro, vim devolver a visita no Cintaliga e adorei o blog. Esse teu post me faz gostar ainda mais de cinema. Li o livro, mas ainda não vi o filme. Leka, que mora comigo, viu e o achou super aflitivo, justamente o contrário que a impressão lhe causou. E acho que um filme é isso: aquilo que ele deixa no outro, independente do que seja. Pra ti foi um bocejo, pra Leka, um encontro. A graça, no final das contas, é essa. Bjs, Mel
ps: qdo vir o filme, faço questão de vir comentar :) Bjs
Le,
Ainda não vi o filme, mas estou muito ansiosa.
De certa forma, sempre acabo me decepcionando com as adaptações, pois os livros me remetem a um mundo que talvez a telona nunca consiga me transportar.
Gosto de filme-filme mesmo.
Bora uma sessão nostálgica cult: closer-brilhoeterno-amelie?
beijo ♥
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